domingo, 3 de julho de 2011

O Socialismo e o Mercado


Há aproximadamente 20 anos ficamos conhecendo, no Brasil, o automóvel Lada, de fabricação soviética. Isto foi possível devido à abertura das importações realizada no Brasil. Este automóvel não ficou conhecido pela qualidade e antes pelo seu preço baixíssimo, o que não foi suficiente para emplacar a sua permanência no país. Utilizei esta lembrança para exemplificar, com um produto originário de um país socialista, a capacidade de avaliar tendências e modificar, por exemplo, o design de um veículo, sem muitas possibilidades mercadológicas, de um país socialista.
E assim eram os produtos soviéticos, na sua maioria. Exceções à parte, como os produtos bélicos que não necessitam de algo mais do que rusticidade e para os equipamentos utilizados na sua medicina e bens intangíveis como a educação. Qualquer coisa que denotasse uma possibilidade de luxo era considerada supérflua e, portanto, retirada do projeto de fabricação.
Apesar da baixa qualidade dos produtos, a URSS transformou-se em uma potência industrial, rival dos países ocidentais. O Estado soviético tinha um grande mercado consumidor interno devido à extensão de seu território e a enorme população existente, se considerarmos, ainda, os países do pacto de Varsóvia.
Porém, podemos, inclusive, fazer um paralelo com o atraso sofrido pelo Brasil ao adotar a política das substituições das importações e voltar-se para o mercado interno. A obsolescência dos produtos, que perdiam a capacidade de competir com os produtos estrangeiros, que estavam sempre se aprimorando e o desequilíbrio da balança de importação ao se importar maquinário pesado para a manutenção da indústria, causaram uma crise econômica sem precedentes. Aqui e também atrás da cortina de ferro.
E por incrível que pareça, a abertura política (glasnost) foi um catalisador da derrocada do totalitarismo soviético. Ao adotar as regras da economia de mercado, com a chamada perestroika, o mercado sucumbiu à força do mercado globalizado, e com certeza ao neo-liberalismo.
Mas, estes acontecimentos históricos não são definitivos para se afirmar que um Estado Socialista não consegue manter uma economia pujante. Temos como contra exemplo desta teoria, a gigantesca China e sua economia, muitas vezes predatória em seus contatos externos, que, passo a passo, alcança os maiores do Ocidente.
Isto me faz lembrar Marx, ao falar da importância do capitalismo para a vitória final, o comunismo essencial e abundante. Parece que a China está rezando esta cartilha e, com sua disciplina oriental vem conquistando mercados e mais mercados, para quem sabe, atingir o ideal da teoria socialista.