segunda-feira, 27 de junho de 2011

O Estado Liberal e o Brasil


A grande questão envolvendo o Estado Liberal é o lucro. A rede intrincada de acontecimentos que tirou o ser humano da imundície dos períodos medievais ganhou o status de corrente política e a alcunha de liberal. A palavra liberal tem o mesmo radical que liberdade, que foi exatamente o que aquelas pessoas conheceram. O capitalismo é o cerne da questão do Estado liberal.
Mas foi apenas com a produção industrial em massa de diversos produtos que o capitalismo deslanchou e, o agora assalariado, pôde melhorar o seu padrão de vida. Os benefícios sociais conquistados, à primeira vista para combater o socialismo, acabaram provando, empiricamente, que não atrapalhavam a obtenção do lucro.
Uma das primeiras tangenciadas que o Estado Liberal deu com o coletivismo, foi com o factory act, quando contratações coletivas não interromperam o bom funcionamento do mercado. Novamente uma questão social, a de proteção aos trabalhadores, levou a que houvesse uma flexibilização das teorias liberais. Rapidamente descobriu-se que, em termos de produtividade, essas medidas sociais eram até benéficas para a obtenção de lucro.
Estas comprovações foram importantíssimas para a junção da Democracia ao Estado Liberal. Uma evolução que não foi antevista por nenhum pensador, mas simplesmente ocasionada pela experiência e constatação de que, se a experiência democrática era benéfica para ambos os lados, mercado e sociedade, e não atrapalhava o lucro, então por que não adotá-la?
Então, estas ideias de sufrágio universal masculino e participação popular nas urnas foram se achegando de mansinho aos Estados Liberais porque instauravam um otimismo que fazia mover mais a roda da fortuna, através do consumo dos produtos ofertados, propiciados pela liberdade do mercado. A oferta sem demanda ocasiona quedas de bolsas de valores. Descobriu-se que a Democracia poderia coexistir com o Estado Liberal desde que ela e o Estado não atrapalhassem a economia de mercado.
Por que no Brasil, então, as ideias democráticas não se estabeleceram de imediato, mesmo após a proclamação da república, já que o Estado foi declarado formalmente como liberal? Penso que, mesmo não tendo uma monarquia absolutista e já na república, o jovem país, ex-colônia, não tinha a força ideológica, cultural e ética para se livrar do fisiologismo predador da oligarquia, uma espécie de absolutismo de grupo.
Mas era um Estado Liberal economicamente, só que sem os avanços político-sociais vistos na Europa e Estados Unidos. O Brasil era extremamente dependente da economia agrícola, não possuía indústria e, portanto, não possuía os trabalhadores em número suficiente para implementar mudanças sociais. Aquelas mudanças sociais que levaram à experiência democrática. Interessante, os trabalhadores eram importantes para o socialismo, mas também eram importantes para o liberalismo democrático.
Mas, como pudemos ver, o mercado não se auto-regulou e o crack da bolsa de Nova York aconteceu, semeando desespero e prejuízos nos Estados Unidos com repercussão por todo o mundo. A partir destes acontecimentos, a não intervenção estatal passou a ser vista como uma falha para o equilíbrio do mercado e, então, avançamos para uma nova fase político/econômica.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário